Será?
Caixa S/A?
Segundo matéria publicada pelo Sindicato dos Bancários de SP, amanhã (07.12.17) está confirmada a reunião do Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal (CEF), que tem por objetivo deliberar a alteração da forma societária da instituição: a transformação de empresa pública (EP) em sociedade por ações (SA).
Vale relembrar que como especialista em bancos públicos, em artigo publicado à época (jan/15) em que os rumores de eventual IPO da Caixa (abertura de capital, cogitada pelo Governo Dilma) começaram a ganhar força, eu já apontava que isso seria um péssimo negócio para o governo e para o povo brasileiro.
Segundo a matéria publicada pelo Sindicato Paulistano, os “representantes dos ministérios do Planejamento e da Fazenda no CA pretendem mudar o estatuto da instituição pública a fim de transformá-la em sociedade anônima, o que seria o primeiro passo para a abertura de capital, permitindo que o banco sofra especulação na bolsa de valores“.
Sanha privatista?
Esse movimento privatista do Governo Federal, às vésperas do fim do mandato tampão de Temer, não deixa de ser preocupante.
A Eletrobras já entrou no radar das privatizações pretendidas por Temer — rumores dão conta de que os mais interessados em assumir todo o parque energético hidrotermoelétrico brasileiro seria a China.
Mas, seria essa, realmente, a vontade popular?
Se o Banco do Brasil, há muito tempo, parece ter deixado de ser percebido como um “banco do povo brasileiro”, a Caixa, por outro lado, é reconhecida como a instituição governamental mais amada pela população.
Basta lembrar que o próprio Governo Temer, numa manobra populista — visando melhorar a percepção positiva pela população — usou a Caixa para liberar valores de contas inativas do FGTS.
Medida comemorada pelo setor de comércio (a injeção inesperada de tanto dinheiro, impulsionou vendas e renegociação de débitos em aberto), só foi possível porque a CAIXA evidou todos seus recursos materiais e humanos para dar conta de tamanha demanda.
Vale salientar ainda, que durante todo um semestre (uma enormidade, em termos empresariais), a CEF assumiu mão ônus inesperados para pagamento de horas extras, não apenas para seus empregados diretos, como toda mão de obra terceirizada, como vigilantes e zeladores), para possibilitar a abertura de agências aos sábados e durante a semana, até duas horas mais cedo — para comportar a demanda de atendimento.
Fosse a CEF uma Sociedade por Ações, certamente tal medida seria mal recebida pelo mercado — derrubando o preço das ações e reduzindo o valor da empresa. Por isso é que faz sentido quando se diz que a Caixa perderia sua função social caso se transforme numa S/A de capital aberto.
Mas qual seria a melhor solução para a CAIXA?
Entendo que seria transforma-la em uma Agência Executiva de Fomento — a Super Caixa do Brasil — incorporando o BNDES e atividades hoje desempenhada por uma série de Ministérios: das Cidades e Integração Nacional (obras de moradia popular), Assistência Social e Infraestrutura (obras financiadas pelo FGTS).
A CEF possui um corpo de engenheiros e arquitetos que poderia acompanhar e tocar obras de relevo; as ações de habilitação popular, seriam integradas ao fomento mercantil e industrial (funções que o BNDES não realiza mais); já o atendimento de programas governamentais de assistência social, poderiam ser centralizados apenas na Caixa (liberando o Banco do Brasil para ser privatizado, de uma vez por todas).